mercredi 15 avril 2009

Acaso? Coincidência?


No ano 1963, quando Kennedy foi assassinado, trabalhava eu no "Queen of Sheeba Hotel", em Eilat, ali mesmo à beirinha do Mar Vermelho. O meu pequeno Paraíso era um recanto ao fim da praia, mesmo sobre a fronteira com Akaba, entre Israel e a Jordânea. Era lá que eu punha o meu então belo corpo inteiramente nu, generosamente oferecido aos raios desse sol abrasador.
Nesse hotel trabalhava também, como Guia, uma bela Sueca que mostrava o Deserto do Negev aos turistas. Ela andava sempre a fotografar tudo o que lhe passava pela frente. Um dia, muito embaraçada, veio mostrar-me a catrefa de fotos que ela tinha feito de mim, todo nu, deitado sobre uma toalha, a ler um livro rente ao mar. Gostei particularmente duma dessas fotos e pedi-lhe uma cópia, que ela imediatamente me pôs nas mãos. Essa foto correu mundo comigo, na minha bagagem, uma pequena mala onde eu guardava todas as coisas que me eram muito caras. Coisas como jornais onde tinham sido publicados poemas meus, muitas cartas de amores interditos, fotos muito especiais, tantas coisas que faziam parte dos meus muitos segredos. Eu chamava a essa pequena mala "O Meu Tesouro"!
Um dia, ao atravessar o Canal da Mancha, da Inglaterra para a França, numa manhã de tempestade, o meu tesouro caiu ao mar, e o mar engoliu todos esses meus belos e inesquecíveis segredos, incluindo essa singular foto da minha bela nudez de outras eras...

Recentemente, descobri na Internete a foto duma pintura, que era a réplica exacta dessa foto que essa Sueca me tinha tirado e oferecido. Ela era muito amiga de uma jovem pintora Israelita, que também trabalhava no "Queen of Sheeba", no Bar, a desenhar retratos dos clientes, do que fazia o seu ganha-pão. Elas andavam sempre juntas e passavam todos os serões no Bar desse hotel, a confratenizar com toda a gente. Essa pintora, muitos anos mais tarde, quando voltei para Eilat para trabalhar no "Laromme Hotel", que é agora a base do "Clube Méditerranée", desenhou o meu retrato. Uma verdadeira obra-prima! Eu estou, eu sou esse retrato. Ou melhor... era!

Agora será para mim um mistério insondável saber se essa pintura foi realmente feita dessa minha foto em todo o meu esplendor...
A cara é, sem dúvida alguma, a minha!
Porém, o Champaigne e o para-sol, foram acrescentados. Eu só levava a minha toalha, um livro, e o meu então tão solicitado belo corpo desses dias...

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