dimanche 19 avril 2009

מאוד אוהב את הספה שלנו

Nunca esquecerei a minha professora de Hebraico - a bela Ruti, com a sua densa cabeleira negra como uma noite sem lua - quando, no Kibbutz, no dia 10 de Abril de 1961, andávamos todos loucamente apaixonados por ela.

Ela vinha quase sempre tomar um café comigo no meu quarto, nos intervalos das aulas, e eu adorava ouvir aquela voz grave, muito sensual, daquela boca ainda em flor.



Eu tinha então 25 anos e ela 29. E as nossas vidas ainda quase todas à nossa frente...

Ainda hoje penso nela...

De vez em quando envio-lhe um mail que, desde que ela se soube víctima duma doença grave, raramente responde...

A última vez que a vi, aqui há uns três anos atrás, ela ainda estava linda e a sua voz entrava em mim como uma inefável carícia...
Quando lhe disse que, nesses belos tempos de então, nós andávamos todos apaixonados por ela, ela, num sorriso quase ausente, sussurrou-me nostalgicamente :

- Eu também! Por alguns de vocês...

Ela que ainda hoje guarda os meus primeiros textos poéticos em Hebraico, que pus nas suas brancas mãos, antes de deixar Beit Hashita, para seguir o meu destino que me aguardava impacientemente em Tel Aviv...

Que absurdo ser-se belo e, depois, com o passar dos anos, tudo e todos nos abandonarem...

Daí eu agora agarrar-me desesperadamente às minhas belas recordações desses longínquos tempos, essa inexplorável caixa de Pandora, esse poço sem fundo onde continuamente atiro a minha fateixa, em busca de perdidos tesouros que ainda procuro recuperar, nem que seja apenas por alguns efémeros momentos...

Efémeros momentos que valem uma vida inteira!

Como me disse um dia a Carmen Dolores:

"Fazer do Passado Presente"!

Antes que um certo amanhã não chegue cedo demais...

Entretanto, que saudades desses tempos em Beit Hashita, da bela Ruti que me ensinou o Hebraico, das cantigas e danças que aprendi todos os Sábados à tarde...

Shabbat Shalom!


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