lundi 20 juillet 2009
Ana Oliveira
A minha Oliveirinha da Serra!
Uma alma grande que aceita as coisas e as pessoas tal como elas são!
Muito talento para a pintura, com o qual ela preenche as poucas horas livres da sua atribulada vida!
Aqui têm o seu auto-retrato!
Para ela
um beijo tão grande e tão quente
como o Sol no Zenite!
Galdério
samedi 18 juillet 2009
O absurdo duma frustração
Coisas imcompreensíveis que podem acontecer quando um homem se sente injustmente rejeitado.
Quando algo de muito importante na sua vida estava previsto acontecer e que nunca aconteceu! Frustrado por se sentir traído pelo seu melhor amigo, injustamente verteu a sua cólera sobre outro alguém completamente irresponsável do que se tinha passado.
Dias depois, apercebendo-se da injustiça praticada, humildemente pede perdão a essa bonita rapariga que não tinha culpa alguma das minhas misérias pessoais.
No dia em que foi perdoado apecebeu-se também que nesse mesmo apenas um dia, num parque verdejante, ele recuperou um velho amigo que igualmente estava inocente, e ganhou um novo amigo que ele guardará para todo o sempre, mesmo se a separação final e definitiva um dia os venha a separar de novo.
Até lá, que essa velha amizade e essa outra reconquistada o amparem na sua imensa solidão, afastado do espaço a que tanto quer, e aos amigos que por lá deambulam.
Uns, verdadeiros amigos, outros falsos, mas a vida é assim feita e um dia todos compreenderão que o Mal e o Bem vivem lado a lado, e que nem sempre o Mal é vencedor!
mardi 14 juillet 2009
O meu Bikini
Gostaria de vos contar a história deste meu Bikini!
Tudo começou em Londres!
Eu e o Pat vivíamos ali em Chalk Farm, na Ainger Road, e um dia decidimos ir fazer férias a Espanha. Era a primeira vez que íamos fazer juntos uma viagem ao estrangeiro, na frescura da nossa juventude.
Fomos a uma Agência de Viagens ali perto da B.B.C., onde o Pat trabalhava, e comprámos duas semanas em Torremolinos. O empregado era simpatiquísimo. Chamava-se Peter! Quando ele nos entrega os dois bilhetes, com um sorriso muito especial, deseja-me Boas Férias. Perguntei-lhe se ele queria alguma lembrança de Torremolinos e a sua resposta foi:
- Yes! Yourself!
Mas esta história contá-la-ei no meu livro de memórias, "Tudo em Pratos Limpos"!
Chegada a data de partida, organizámos as malas. De repente apercebo-me de que não tinha fato de banho, pois que em Londres ninguém precisa de tal apetrecho. Basta um guarda-chuva! Como as lojas já estavam todas fechadas, não podia comprar um à última da hora, e o avião descolava no outro dia de manhã muito cedo. Para me desenrascar resolvi agarrar numa T-shirt que tinha, branca, com riscas azuis, que estava cheia de buracos, da qual eu tinha feito um esfregão de cozinha, agarro numa tesoura, corto a T-Shirt, faço-lhe uma baínhas, ponho uns elásticos, provo, e pronto. Estava na ponta da unha!
Claro que eu podia ter comprado um fato de banho em Torremolinos quando lá chegasse, mas eu sempre tive a mania de me desenrascar sozinho e fazer coisas que muito poucos fazem.
Chegádos a Torremolinos depara-se-nos um hotel muito moderno, quase de luxo. Ficámos radiantes! Instalámo-nos e, como a piscina do hotel era mesmo por debaixo da janela do nosso quarto, fomos inaugurar o meu bikini. Imediatamente o meu bikini começou a ser notado. Era olhado por uns com algum espanto, e por outros talvez com desejos de ter um igual para uso próprio ou sabia Deus que mais.
Passámos duas semanas de inesquecíveis férias. As nossas primeiras férias no estrageiro!
Todos os dias passávamos umas horas na piscina a bronzear e a fazer amigos. Uns deles foram uma senhora britânica que fazia as suas férias longe do inevitável nevoeiro londrino, com duas das suas filhas. Eram muito simpáticas e demos grandes voltas por Málaga e tivemos interessantes longas discussões a puxar para o intelectual e politicamente correcto. Houveram muitos Martinis tomados antes de jantar, ao pôr do sol, na esplanada da piscina.
Chegado o dia do regresso a casa, tínhamos de estar já com malas prontas frente a recepção do hotel, para apanharmos um autocarro que nos viria buscar para nos levar ao Aeroporto. O autocarro estava previsto para as três da tarde. Enquanto aguardávamos a chegada do autocarro - como tivémos de devolver as chaves dos quartos ao meio-dia em ponto - todos aproveitaram essas três horas para fazerem compras nos bazares do hotel para terem prendas a darem aos amigos ao chegarem de volta às suas casas. Pensei comprar um bonito cinzeiro de pé, em cobre, que estavam espalhados por toda a parte pelo hall do hotel. Fui à recepção e perguntei onde poderia eu comprar tal bonito cinzeiro como recordação da nossa estadia no hotel. O recepcionista respondeu-me que não estavam à venda, que eram propriedade privativa do hotel.
Desiludido, como não tinha muitos cobres de sobra dos nossos muitos Martinis, decidi, em vez de estar ali feito parvo a olhar para o boneco, fui à piscina e, como tinha o meu bikini vestido sob as calças, fui ao vestiário da piscina e despi-me conservando sobre o meu corpo o meu famoso bikini T-Shirt esburacada.
Por volta das duas e meia da tarde saio da piscina, entro no vestiário, tomo um duche, e visto-me. Como o bikini estava molhado enfiei as calças mesmo sem cuecas, coisa que muito frequentemente fazia no meu dia-a-dia em Londres.
De volta ao hall fui sentar-me na mesa onde o Pat e a tal senhora e as suas duas filhas aguardavam o autocarro. Sentei-me e pus o meu bikini todo molhado num daqueles grandes cinzeiros de cobre, de pé alto. Para meu espanto, essa senhora pede licença e agarra no meu bikini, enrola-o no seu lenço e mete-o na sua bolsa. Pergunto-lhe para que raio queria ela o meu bikini? Como recordação? Não! Respondeu-me ela. É para mostrar o seu bikini à minha outra filha que não veio connosco, pois que se eu não lhe mostrasse o seu bikini, ela nunca me acreditaria quando eu lhe contasse que tinha conhecido em Torremolinos um rapaz que se banhava na piscina vestindo apenas uma coisa tão minúscula, pouco mais do que uma folha de hera!
Quando o autocarro chegou, começaram todos a agarrar nas malas para embarcarem. Quando peguei na minha, o recepcionista vem ao meu encontro para se despedir de mim e, entregando-me uma pequena caixa de cartão, diz-me:
- Isto é uma recordação do hotel, para você levar para casa. Boa viagem!
Depois de todas aquelas fastidiosas burocracias de Aeroportos, apanhámos o avião. Mal o avião descolou, tive curiosidade de abrir aquela caixa de cartão que me tinha sido dada ao deixar o hotel, como recordação das férias. Não ousei. Sabia Deus o que ela esconderia! Pu-la na prateleira e jurei-me que mal chegasse a casa, a primeira coisa que faria, antes mesmo de abrir as malas, seria de abrir aquela misteriosa caixa de cartão.
O que aconteceu!
Mal fechei a porta, pouso a minha mala no chão, abro essa intrigante caixa de cartão e, santo Deus! Que surpresa!
Era o meu tão desejado cinzeiro de cobre de pé alto do hotel onde tínhamos passado duas maravilhosas semanas de férias!
Era o meu tão desejado cinzeiro de cobre de pé alto do hotel onde tínhamos passado duas maravilhosas semanas de férias!
samedi 4 juillet 2009
jeudi 2 juillet 2009
Frémito
No claustro das sombras ogivais
Minhas mãos procuravam cegamente
O calor das tuas formas sensuais
Róseos botões abertos entumecidos
A sulcarem a brancura do teu peito
Desabrochar de libidinosas bacanais
Revelação da tua intimidade jardim
Dos teus mais recônditos segredos
Pétalas de veludo e de jasmim
A queimarem a maciesa dos meus dedos
A endoidarem loucamente meus sentidos!
Teus olhos incêndios por extinguir
Fogo incandescente fogo crematório
Onde pecador me queria redimir
Fogo onde busco punição o meu castigo
Nesse teu corpo todo aceso em purgatório
Na rubra labereda de um ritual antigo!
De encontro àquela árvore secular
Na noite que lentamente nos fugia
Sentia teu corpo o meu aprisionar!
Teu corpo contra o meu crescia crescia
Parecendo querer meu segredo penetrar!
E o meu num frémito todo se reabria!
Tua voz grunhidos em selva renascidos
Acariciava o vibrar dos meus timpanos
Emprenhave os óvulos dos meus ouvidos!
Minhas pálpebras descidas para sentir
O afago do teu bafo lufada que me lambia!
Minhas narinas se dilatavam a capturar
O odor do teu hálito do teu corpo em fusão!
Minhas mãos ávidas no teu corpo a rastejar
Em busca da tua insígnia do teu brasão!
Meu corpo faminto presa fácil de teu cio
Fragrância do meu desejo feito ardor
Boca mordiscando teu corpo em desvario
Viagem ao fundo do inferno bigornas que sustentam
Descidas respresas barragens que rebentam
Longos canais por mim nunca navegados!
Irrompe o fogoso garanhão latejante devastador
Lingua de fogo na fogueira do pavio
Fronteiras abertas passaportes carimbados!
Virei-me para ver a paisagem que tu vias
Frugal roçar de folhas nesse amanhecer
Saliva escorrendo espada em riste rosa em matagal
Bandarilha em toiro tresmalhado quase virgem!
Um gemido misto de dor e de gozo canibais!
Teu arado rasgando – meu partrimónio me invadias!
Pudores viris sucumbindo em súbita vertigem
Louco desfraldar dos instintos ancestrais!
Um derradeiro estertor um urro triunfal!
Ou uivo dolorido de besta ferida em agonia?
Rio caudaloso jorrando em vulcânico lamaçal
Tromba recolhendo aos contrafundos da sua via
Archote reduzido a cinzas apagadas num jornal
Alvorocer sem neblinas sem o canto da cotovia
Passos se afastando sem um aceno na aurora boreal!
Cântaro que a água me trouxe a água me levou
Água sempre crescente que nenhuma sede me matou!
Rogério do Carmo
Villejuif, 19/6/1986
Minhas mãos procuravam cegamente
O calor das tuas formas sensuais
Róseos botões abertos entumecidos
A sulcarem a brancura do teu peito
Desabrochar de libidinosas bacanais
Revelação da tua intimidade jardim
Dos teus mais recônditos segredos
Pétalas de veludo e de jasmim
A queimarem a maciesa dos meus dedos
A endoidarem loucamente meus sentidos!
Teus olhos incêndios por extinguir
Fogo incandescente fogo crematório
Onde pecador me queria redimir
Fogo onde busco punição o meu castigo
Nesse teu corpo todo aceso em purgatório
Na rubra labereda de um ritual antigo!
De encontro àquela árvore secular
Na noite que lentamente nos fugia
Sentia teu corpo o meu aprisionar!
Teu corpo contra o meu crescia crescia
Parecendo querer meu segredo penetrar!
E o meu num frémito todo se reabria!
Tua voz grunhidos em selva renascidos
Acariciava o vibrar dos meus timpanos
Emprenhave os óvulos dos meus ouvidos!
Minhas pálpebras descidas para sentir
O afago do teu bafo lufada que me lambia!
Minhas narinas se dilatavam a capturar
O odor do teu hálito do teu corpo em fusão!
Minhas mãos ávidas no teu corpo a rastejar
Em busca da tua insígnia do teu brasão!
Meu corpo faminto presa fácil de teu cio
Fragrância do meu desejo feito ardor
Boca mordiscando teu corpo em desvario
Viagem ao fundo do inferno bigornas que sustentam
Descidas respresas barragens que rebentam
Longos canais por mim nunca navegados!
Irrompe o fogoso garanhão latejante devastador
Lingua de fogo na fogueira do pavio
Fronteiras abertas passaportes carimbados!
Virei-me para ver a paisagem que tu vias
Frugal roçar de folhas nesse amanhecer
Saliva escorrendo espada em riste rosa em matagal
Bandarilha em toiro tresmalhado quase virgem!
Um gemido misto de dor e de gozo canibais!
Teu arado rasgando – meu partrimónio me invadias!
Pudores viris sucumbindo em súbita vertigem
Louco desfraldar dos instintos ancestrais!
Um derradeiro estertor um urro triunfal!
Ou uivo dolorido de besta ferida em agonia?
Rio caudaloso jorrando em vulcânico lamaçal
Tromba recolhendo aos contrafundos da sua via
Archote reduzido a cinzas apagadas num jornal
Alvorocer sem neblinas sem o canto da cotovia
Passos se afastando sem um aceno na aurora boreal!
Cântaro que a água me trouxe a água me levou
Água sempre crescente que nenhuma sede me matou!
Rogério do Carmo
Villejuif, 19/6/1986
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